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Mitos sobre A Acne

A acne é uma das doenças de pele mais prevalentes no mundo. Pode afetar todos os grupos etários, embora a prevalência seja mais elevada nos adolescentes. Contudo, a acne tardia e a mascne estão a aumentar. É fundamental prevenir, saber como tratar e evitar as sequelas (cicatrizes e manchas). 
Ficou curioso(a)? Então, leia a entrevista à Doutora Áurea onde esta esclarece os principais mitos sobre a acne.

Entrevista à Doutora Áurea Lima, Médica, Médica Estética e Antienvelhecimento, Interna de Oncologia Médica, Doutorada e Professora Universitária.


A acne é uma doença dos adolescentes. Mito ou verdade?

MITO. A acne é uma das doenças de pele mais prevalentes no mundo e, epidemiologicamente, tem 2 picos de incidência: na adolescência e na idade adulta.

A acne dos jovens afeta ambos os géneros e as alterações hormonais são a principal causa do seu aparecimento, pelas repercussões que têm alteração da composição do filme hidrolipídico e do folículo pilossebáceo.  

A acne dos adultos é mais prevalente nas mulheres e está relacionada com alterações, por um lado, comportamentais, mas também hormonais.

Contudo, e apesar dos dois picos de incidência referidos, a acne pode ocorrer em qualquer idade, até mesmo no recém-nascido, conhecida como acne neonatal.

Atualmente, outra realidade muito prevalente é a “mascne” (acne associado ao uso da máscara), e que é independente da idade de aparecimento. O motivo da sua ocorrência prende-se com o facto da região mentoniana (queixo) ter elevada concentração de unidades pilossebáceas (e consequentemente de glândulas sebáceas), e com o aumento da temperatura local e a sudorese associada, com alteração do pH cutâneo, favorecem a proliferação da bactéria responsável pela acne. A não renovação devida da máscara, a impossibilidade de períodos “máscara free”, o uso de produtos de maquilhagem comedogénicos e que adsorvem partículas externas poluentes, perpetuam todo um ciclo que torna difícil a sua resolução.

A acne passa com a idade. Mito ou verdade?

MITO. Tipicamente inicia na adolescência e termina no adulto jovem, mas pode persistir – acne persistente, aquela que se mantém desde a adolescência, ou aparecer na idade adulta – acne tardia, que surge no início da terceira década de vida. Os tipos de pele não são mutáveis, ou seja, uma pele oleosa ou muito oleosa será sempre oleosa, isto é, como aumento da produção de sebo nas zonas em que a quantidade e concentração de unidades pilossebáceas é maior. Todavia, o facto de ser oleosa e, portanto, naturalmente mais predisposta a acne, não significa que todas as peles oleosas terão acne. Do mesmo modo, e passando a outro extremo de tipo de pele – a pele seca ou muito seca – um tipo de pele mais predisposto a ser sensível e reativa não significa que a rosácea ou a couperose estejam sempre presentes.

Determinados alimentos agravam a acne, por exemplo, chocolate, azeitonas, enchidos. Mito ou verdade?

A ciência ainda não tem uma resposta clara sobre este assunto. Claro que há pessoas que conseguem identificar fatores desencadeantes ou agravantes da sua acne, pelo que, o melhor que podem fazer é eliminar o fator causal.

Há cada vez mais estudos científicos nesta área e, atualmente sabe-se que uma alimentação rica em hidratos de carbono, em particular os açúcares, e o leite de vaca, parece estar relacionada com a acne. O cacau não está relacionado diretamente, mas como é frequente o chocolate conter um alto teor de açúcar e de leite (portanto, não o cacau), estes ingredientes podem induzir o aparecimento de lesões acneicas em pessoas com predisposição para a acne.

Relativamente à suplementação, o zinco pelas suas propriedades anti-inflamatórias, tem vindo a demonstrar um papel cada vez mais relevante na acne inflamatória (bem como noutras doenças inflamatórias cutâneas). Por isso, há cada vez mais suplementos alimentares disponíveis no mercado posicionados na manutenção do microbioma cutâneo.

O sol melhora a acne. Mito ou verdade?

MITO. O sol, por si só,  não melhora a acne.

O que sucede na exposição solar, e na época balnear em particular, é que, por um lado, a pele fica mais bronzeada e a perceção das lesões acneicas é menor. Por outro lado, e para quem não tem rotinas cosméticas adequadas ao longo do ano, o facto de limpar/hidratar/proteger a pele no Verão permite uma melhoria importante da acne. Mas não é o sol por si só que melhora a acne.

Uma outra situação, e neste caso mais nas mulheres, não é incomum a toma de anticoncecional com objetivo de não terem hemorragia de privação/menstruação, pelo que altera os níveis hormonais e este equilíbrio hormonal pode ser o responsável pela melhoria da acne na altura de Verão.

A acne está relacionada com uma má higiene do rosto. Mito ou verdade?

MITO. A má higiene do rosto não é causa de acne. No entanto, importa reforçar que para ter e manter uma pele saudável o primeiro passo de qualquer rotina cosmética (quer de manhã quer à noite) é a limpeza. E deve-se usar um produto adaptado ao tipo de pele, tendo em conta a preferência e agradabilidade do consumidor. A importância da limpeza de manhã prende-se com a remoção de produtos do metabolismo decorrentes no período noturno, bem como, preparar a pele para os produtos que serão aplicados posteriormente. À noite, a necessidade da limpeza prende-se com a remoção da maquilhagem, de resíduos existentes à superfície da pele e decorrentes do contacto com o ambiente externo, como a poluição, o fumo do tabaco e outros agentes. 

O uso de esfoliante não está recomendado neste tipo de pele. Mito ou verdade?

Depende. Na acne em que as pústulas (borbulhas) são as lesões predominantes é preciso precaução porque não se pretende que as pústulas “rebentem” e que haja disseminação do seu conteúdo, rico em bactérias características da acne. Nas peles com comedões abertos e cujos comedões fechados não têm conteúdo purulento (mais nódulo-quístico), a esfoliação pode e deve ser realizada. Cada vez mais, a microesfoliação (ou também designado “micropeeling”) é integrada nas rotinas cosméticas diárias, em vez da tradicional esfoliação semanal ou bi-semanal. As peles oleosas são habitualmente mais espessadas, mais irregulares à superfície e a esfoliação vai ajudar na renovação celular, eliminando a camada de células mortas (corneócitos) e estimulando as células vivas (queratinócitos). Para além disto, a esfoliação vai originar uma textura mais homogénea, conferindo à pele mais luminosidade. Não menos importante, a ação queratolítica permite a melhoria de sequelas da acne, como discromias (manchas) e cicatrizes decorrentes de lesões acneicas.

A pele oleosa/mista/tendência acneica nunca está desidratada. Mitos ou verdade?

MITO. Infelizmente, pode estar desidratada (e, muitas vezes está!).

A superfície da pele tem um filme ricos em lípidos e em compostos aquosos (filme hidro-lipídico) e é preciso que o seu equilíbrio seja mantido. Ou seja, uma pele oleosa não precisa que da reposição da componente oleosa mas precisa da reposição da componente aquosa. Quando não não acontece, a pele desidrata e, nunca tentativa de compensação, vai haver produção dos constituintes do referido filme, mas sem discriminação de parte oleoso/aquosa pelo que, e consequentemente, a produção desnecessária de sebo vai agravar a acne. Por isto, é fundamental hidratar uma pele oleosa, com ou sem acne.

Por isso, é preciso que as formulações e as galénicas dos produtos cosméticos a usar numa pele oleosa, além de constituintes que confiram hidratação, têm que ser “oil free” e não comedogénicas. Assim, é cada vez mais comum o uso de séruns de ácido hialurónico (hidratante poderoso) na rotina cosmética das peles oleosas.

Espremer borbulhas e pontos negros acelera a recuperação da pele. Mito ou verdade?

MITO! Acho que este assunto ficou esclarecido quando expliquei a importância de não promovermos a disseminação do conteúdo purulento das pústulas (borbulhas). Por outro lado, e quando se tratam de comedões abertos, a sua remoção mecânica “caseira” só vai “quebrar” a integridade da barreira cutânea, aumentando assim os riscos de difícil cicatrização, com consequentes cicatrizes e discromias associadas, para além de aumentar o potencial risco inflamatório/infecioso.

Em consulta médica, durante a realização de alguns procedimentos em específico, é possível num ou outro momento do procedimento, proceder à remoção de lesões acneicas, em ambiente controlado e seguro, de forma a melhorar as lesões e ajudar na resolução mais rápida.

Espremer pontos negros evita o aparecimento de borbulhas. Mito ou verdade?

Mito. Por vezes a remoção de um comedão aberto leva ao “beliscar” de uma outra lesão próxima pustulosa que dissemina o seu conteúdo e no dia seguinte surgem ainda mais lesões.

Tipos de pele e estados da pele são sinónimos. Mito ou verdade?

Mito. A Sociedade Portuguesa de Dermatologia classifica a pele em 5 tipos possíveis: muito oleosa, oleosa, normal-mista, seca e muito seca. Para ajudar a identificar o tipo, pode fazer-se perguntas simples: “Ao fim de quanto tempo após a limpeza na pele sente-a com “brilho”?” e “Se no final do dia a pele sem brilho apresenta, ou não descamação?”

Já os estados de pele, em nada têm a ver com alterações da composição filme hidrolipidico mas está relacionado com a presença de sinais e/ou sintomas cutâneos, de que são exemplo o eritema, o prurido, as máculas, as pápulas ….

O objetivo das rotinas cosméticas é o de manter a pele saudável, isto é, homogénea, luminosa e suave. Os estados da pele implicam cuidados específicos e/ou procedimentos ou tratamentos que visam a resolução do problema de pele. Para tal podemos ter que recorrer a medicamentos que podem ser de aplicação local ou de ação sistémicos.

Os tratamentos para a acne são todos iguais. Mito ou verdade?

Mito. O tratamento é individual e muito variável. Depende do doente e da doença!

Por exemplo, na acne podemos ter que recorrer a tratamentos farmacológicos, estes podem ser tópicos os sistémicos, e baseiam-se essencialmente em antibióticos, hormonas, derivados da vitamina A…

Já no que respeita aos procedimentos médico-estéticos podemos ter que recorrer a “peelings” químicos, ao “microneedling”, à hidratação profunda com ácido hialurónico, ao laser CO2… é muito variável..

Cada caso é de facto, um caso e tem que ser avaliado por um Médico com competências nesta área de intervenção.